Preços de transferência e expansão internacional: o que toda startup deve saber

setembro 24, 2025

A expansão internacional representa uma fase estratégica crítica para toda startup que atingiu um certo nível de maturidade e busca expandir suas operações para novos mercados. Esse processo não apenas abre oportunidades para aumentar a receita e a base de clientes, mas também acarreta riscos legais, fiscais e operacionais que, se não forem gerenciados adequadamente, podem comprometer a sustentabilidade do negócio a longo prazo. Por isso, é indispensável adotar uma abordagem integral que combine aspectos legais, tributários e financeiros, garantindo uma internacionalização ordenada e eficiente.

Estruturação jurídica e conformidade regulatória

A escolha da estrutura jurídica no país de destino é uma das decisões mais importantes na estratégia de expansão. As startups geralmente avaliam entre constituir uma filial ou subsidiária (entidade jurídica independente), abrir uma sucursal (extensão da empresa matriz) ou recorrer a acordos contratuais com terceiros (como agentes ou distribuidores locais). Cada opção implica considerações importantes em matéria de:

  • Responsabilidade jurídica: as subsidiárias limitam a responsabilidade da empresa matriz, enquanto as filiais não.
  • Requisitos de capital mínimo e contribuições iniciais.
  • Tratamento fiscal: as filiais geralmente tributam rendimentos de fonte local, enquanto as subsidiárias são consideradas residentes fiscais plenas na nova jurisdição.
  • Governança corporativa e obrigações contábeis.

Além disso, a startup deve cumprir as regulamentações específicas do país receptor, que incluem:

  • Licenças setoriais e registros junto às autoridades regulatórias.
  • Legislação trabalhista e previdência social.
  • Normas de proteção de dados pessoais e privacidade.
  • Regulamentações sobre propriedade intelectual, patentes e marcas.
  • Limitações ao investimento estrangeiro em setores estratégicos.

A omissão ou o não cumprimento dessas disposições pode acarretar sanções econômicas, a suspensão das operações ou até mesmo a impossibilidade de acessar incentivos fiscais ou subsídios governamentais.

Planejamento fiscal internacional e preços de transferência

A internacionalização expõe as startups a diversos sistemas tributários, com regimes de tributação distintos, tratados para evitar a dupla tributação (CDI) e regras específicas contra abusos. Projetar uma estrutura tributária adequada é fundamental para evitar cargas tributárias excessivas e garantir a conformidade regulatória.

Nesse cenário, os Preços de Transferência ocupam um lugar central. Essas regras, harmonizadas principalmente pelas diretrizes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), regulam as operações entre empresas vinculadas localizadas em diferentes jurisdições.

Entre os pontos críticos que devem ser considerados estão:

  • Determinação de margens e preços aplicados em transações intragrupo (venda de bens, prestação de serviços, licenciamento de intangíveis, financiamentos internos, etc.).
  • Aplicação do princípio da plena concorrência (arm’s length principle), que exige que essas operações sejam acordadas em condições equivalentes às que seriam aplicadas por partes independentes.
  • Elaboração de documentação obrigatória, que pode incluir:
    • Arquivo Local (Local File), com detalhes das operações e análise econômica.
    • Arquivo Mestre (Master File), que descreve o negócio global do grupo.

Uma política inadequada de preços de transferência pode resultar em ajustes fiscais, sanções econômicas e dupla tributação econômica, afetando a rentabilidade da operação internacional.

Gestão de Riscos Cambiais, Contratuais e Financeiros

As startups que se expandem internacionalmente também enfrentam riscos decorrentes de flutuações cambiais, diferenças contratuais e regulamentações financeiras locais. É recomendável implementar:

  • Acordos intragrupo sólidos, que definam claramente as responsabilidades e contraprestações de cada entidade.
  • Políticas internas de financiamento, que contemplam empréstimos intragrupo, injeções de capital e repatriação de lucros.
  • Coberturas cambiais e mecanismos de mitigação do risco cambial.
  • Modelos financeiros consolidados, que projetem os custos de conformidade legal, fiscal e operacional, evitando tensões no capital de giro da startup.

Além disso, é fundamental elaborar políticas de governança corporativa que garantam a rastreabilidade das decisões estratégicas, a transparência contábil e o alinhamento com os interesses dos investidores e parceiros estratégicos.

Proteção de intangíveis e gestão de propriedade intelectual

Em muitas startups, o principal valor reside em seus ativos intangíveis, como software, marcas, patentes, algoritmos ou bancos de dados. Proteger adequadamente esses ativos é fundamental para preservar a vantagem competitiva e evitar riscos legais ao se expandir internacionalmente.

Para isso, é essencial:

  • Registrar e proteger esses intangíveis em cada país onde se planeja operar, uma vez que os direitos de propriedade intelectual não se estendem automaticamente a nível global. A proteção local garante a possibilidade de fazer valer esses direitos em caso de infrações ou usos indevidos.
  • Formalizar contratos claros de licenciamento e cessão para uso intragrupo, definindo com precisão os termos de uso, a titularidade e as responsabilidades de cada parte. Isso garante um controle efetivo sobre a exploração e comercialização dos ativos, além de cumprir as regulamentações fiscais e de preços de transferência.
  • Avaliar a localização ideal para a titularidade dos ativos, considerando fatores legais, fiscais e estratégicos. Centralizar a propriedade intelectual em uma jurisdição favorável pode otimizar a gestão, reduzir riscos e maximizar benefícios fiscais.

Uma estratégia sólida e bem planejada em matéria de propriedade intelectual não apenas protege os ativos críticos da startup, mas também minimiza a exposição a litígios onerosos, perda de controle sobre tecnologia essencial e problemas regulatórios em mercados estrangeiros.

Assessoria especializada para startups em expansão

A internacionalização requer um manejo especializado de aspectos legais, fiscais e de preços de transferência. Contar com consultoria especializada desde o início é fundamental para evitar contingências e garantir um crescimento sustentável.

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Fonte: BNONEWS

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