América Latina na nova ordem ESG e de sustentabilidade

abril 7, 2025

Os critérios de sustentabilidade e ESG (ambiental, social e de governança) deixaram de ser uma tendência para se tornarem um requisito indispensável para as empresas globais. Nesse contexto, novas regulamentações internacionais, como as Normas Internacionais de Relatórios Financeiros sobre Sustentabilidade (IFRS S1 e S2), juntamente com iniciativas regulatórias como o Omnibus Package da União Europeia, estão moldando uma estrutura regulatória que afeta diretamente as empresas latino-americanas. Essa região tem uma oportunidade única de se destacar em governança corporativa sustentável, mas também enfrenta grandes desafios que exigem ação estratégica imediata.

O impacto de Trump na sustentabilidade: retórica versus realidade

  • Políticas federais mais flexíveis: Durante seu primeiro mandato, Donald Trump desmantelou regulamentações ambientais importantes, como a retirada do Acordo de Paris em 2017. Em janeiro de 2025, ele assinou uma ordem executiva reafirmando sua política favorável aos combustíveis fósseis. No entanto, apesar dessas políticas federais regressivas, o setor privado dos EUA continua comprometido com a sustentabilidade. De acordo com um estudo da Bloomberg, mais de 75% dos CFOs dos EUA planejam manter ou aumentar seus investimentos em sustentabilidade, independentemente do clima político.
  • Aumento do investimento em ESG: Embora as políticas federais tenham se afrouxado, o setor privado dos EUA continua sendo um forte defensor da sustentabilidade. De fato, 77% dos CFOs dos EUA planejam aumentar seus investimentos em sustentabilidade, de acordo com um relatório da BDO de 2025. Isso reforça a ideia de que a sustentabilidade continua sendo uma prioridade para investidores e consumidores (2025 CFO Sustainability Outlook Survey, BDO).

O Pacote Omnibus da UE: simplificação e competitividade

O Pacote Omnibus da UE tem como objetivo simplificar a carga regulatória, mas, ao mesmo tempo, exige maior transparência na divulgação de informações não financeiras. Em particular, a Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade (CSRD) e a Diretiva de Due Diligence de Sustentabilidade (CSDDD) terão um impacto direto sobre as empresas latino-americanas que operam ou buscam entrar no mercado europeu. No Peru, aproximadamente 16% das exportações são destinadas à União Europeia, o que significa que muitas empresas peruanas terão que se alinhar a essas novas regulamentações.

Nesse sentido, as empresas exportadoras peruanas, especialmente nos setores de mineração e agroindustrial, terão de se ajustar a esses padrões, já que a Europa exige maior transparência nos relatórios de sustentabilidade e da cadeia de suprimentos.

IFRS S1 e S2: o padrão global para divulgação de ESG

As IFRS S1 e S2, desenvolvidas pelo International Sustainability Standards Board (ISSB), fornecem uma estrutura padronizada para a divulgação de informações sobre sustentabilidade e clima.

Esses padrões estão alinhados com abordagens como a TCFD (Task Force on Climate-related Financial Disclosures) e o Sustainability Accounting Standards Board (SASB), o que os torna o padrão mais relevante para as empresas que desejam atrair investimentos sustentáveis. De acordo com o relatório da IFRS Foundation, mais de 30 jurisdições adotaram ou estão em processo de adoção dessas normas em suas estruturas regulatórias. Essas jurisdições respondem por aproximadamente 57% do Produto Interno Bruto (PIB) global e mais de 50% das emissões globais de gases de efeito estufa.

Esse quadro mostra que os mercados globais estão se movendo rapidamente em direção à implementação desses padrões e que as empresas que não se alinharem a eles correrão o risco de serem deixadas para trás em um ambiente cada vez mais competitivo e regulamentado. (IFRS Sustainability Consultant Content Programme, 2024).

Regulamentações de sustentabilidade na América Latina: Chile, México, Brasil e Colômbia

Países como Brasil, Costa Rica, El Salvador, Chile e México adotaram regulamentações que alinham seus relatórios não financeiros com as IFRS S1 e S2 para empresas listadas.

Para outros tipos de empresas, no México, a adoção dos Padrões de Relatórios de Sustentabilidade (SIS) pelo Conselho Mexicano de Padrões de Relatórios Financeiros (Cinif) entrou em vigor este ano, exigindo que empresas privadas de todos os setores e tamanhos que operam no México publiquem suas demonstrações financeiras incluindo 30 Indicadores Básicos de Sustentabilidade (BSIs) em suas notas.

A Colômbia, por sua vez, exigiu que suas empresas listadas reportassem de acordo com os padrões SASB e TCFD Colômbia desde 2021 (Circular 031). E, em março deste ano, foi introduzido o relatório voluntário de sustentabilidade para empresas com faturamento superior a US$ 10 milhões (Circular Externa 100-000002).

O que as empresas da região devem fazer (e por que isso é estratégico)?

  • Adotar padrões internacionais: Como as regulamentações dos principais mercados globais estão alinhadas com as IFRS S1 e S2, as empresas latino-americanas devem seguir esse caminho para garantir sua competitividade. A adaptação a essas normas não é apenas uma obrigação regulatória, mas uma oportunidade de melhorar a transparência, a confiança e a percepção do mercado.
  • Integrar a sustentabilidade à estratégia principal: Não é mais suficiente relatar dados isolados de sustentabilidade. A sustentabilidade deve ser um pilar estratégico que impulsione a inovação, melhore a reputação corporativa e aumente a resiliência financeira. As empresas devem incorporar esses princípios em sua cultura organizacional e em suas metas de longo prazo.
  • Capacitar equipes e fortalecer a governança: Para atender aos padrões de sustentabilidade e garantir uma divulgação precisa, as empresas devem ter equipes dedicadas, sistemas de medição robustos e um compromisso claro da alta administração. Além disso, elas devem garantir que os relatórios de ESG sejam parte integrante de seus relatórios financeiros anuais.
  • Alavancar o financiamento sustentável: a emissão de títulos verdes e sociais atingiu níveis recordes, e as empresas podem acessar o financiamento a taxas mais competitivas para projetos que promovam principalmente a mitigação da mudança climática, bem como o crescente interesse na adaptação climática e na natureza. De acordo com um relatório da Moodys, espera-se que a emissão global de títulos sustentáveis totalize US$ 1 trilhão até 2025, semelhante a 2024, abrindo novas oportunidades de financiamento para empresas latino-americanas (2025 Sustainable Finance Outlook).
  • Impulsionar a competitividade voltada para o futuro: Em um ambiente de negócios cada vez mais globalizado, é fundamental antecipar as exigências regulatórias. As empresas que adotarem padrões ESG hoje terão acesso a capital mais barato, atrairão talentos de qualidade e se diferenciarão dos concorrentes menos sustentáveis.

Conclusão: Um horizonte cheio de oportunidades

As empresas latino-americanas têm uma oportunidade única de liderar a sustentabilidade no contexto global. Os desenvolvimentos regulatórios e os novos padrões internacionais, como o IFRS S1 e S2, estão criando uma estrutura mais clara e mais exigente para que as empresas da região avancem nessa agenda. A adoção desses padrões não apenas garante a competitividade e o acesso aos mercados internacionais, mas também representa uma estratégia comercial sólida para o futuro. O momento de agir é agora: as empresas que assumirem a liderança em sustentabilidade serão as mais bem posicionadas para o futuro econômico global.

Como sua empresa pode se preparar?

Em um ambiente global cada vez mais exigente em termos de sustentabilidade, a antecipação de novos padrões é fundamental para manter a competitividade. No TPC Group, temos uma equipe multidisciplinar especializada em regulamentações de ESG, implementação de IFRS S1 e S2 e elaboração de estratégias sustentáveis sob medida.

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